9.09.2013

Andamos a combater o fogo com as armas erradas

http://visao.sapo.pt/estamos-a-combater-o-fogo-com-as-armas-erradas=f746908

Análise política #6 - Excessos...

A última semana foi marcada por uma série de excessos.
De nervosismo, por parte do PS e de confiança por parte da oposição. Ambos infundados.

A coligação PSD/CDS faz constar que já ganhou a Assembleia Municipal. Só falta a Câmara. 
Excesso de confiança. Não me parece que neste momento haja essa percepção. A única percepção que existe é que a abstenção será a maior de sempre. Mas isso já se sabia e com isso já se contava. Daí até se poder concluir que a oposição tem já vantagem... é prematuro. 
Não há dúvida, no entanto, de uma coisa: a candidatura de Albano Figueiredo está a crescer. Mais do que eu próprio esperava. Não direi que há uma vaga de fundo, mas a verdade é que ele junta sempre muita gente em todo o lado onde aparece e cada vez o seu pessoal - e ele próprio - se estão a tornar mais afoitos. Já começam a falar com as pessoas (alguma vez teriam que começar a fazê-lo...). 
Em Sameice fizeram-se fotografar com o Quim Barreiros e isso foi bem jogado. Na tentativa de desmontar uma certa imagem snob e elitista que começaram por passar e que não os levava a lado nenhum. Perceberam isso. 
Albano aprende rápido. Não sei se irá a tempo de rever a matéria toda para o exame de 29 mas não há dúvida de que está a estudar... Para a semana teremos uma ideia mais clara sobre este assunto. Se se tratou apenas de uma boa semana ou se há alguma inversão na estratégia comunicacional - que começou por ser um desastre mas agora tem melhorado.
Outra coisa que lhe correu bem foi a inauguração da sede. Uma sede não ostentatória, quase discreta demais. Nem se dá por ela, pois não tem área de exposição em montras que suporte um grande painel, como acontece com a do PS. E isso parece-me bastante positivo. Passa uma imagem de contenção (se calhar até foi mais cara que a de F Camelo, mas parece ter sido muito mais barata) e isso conta. Juntou-se muita gente durante muito tempo. A reacção dos mirones foi pacífica, o que é bom sinal. Foi uma boa semana para AF mas isso não é, na minha opinião, razão para embandeirar em arco relativamente à Assembleia Municipal, por exemplo.

Já o PS tem revelado excesso de nervosismo. também ele injustificado, a meu ver. É certo que de inicio a direcção de campanha socialista contaria com um passeio soft pelas freguesias e já percebeu que afinal não o será. Não tanto pela oposição - cujo candidato é ainda praticamente desconhecido - mas porque os socialistas estão a perceber que muita gente está desanimada e não irá votar. De entre eles muitos socialistas de sempre. E essa abstenção é alarmante. 
Com uma grande abstenção - e esta vai ser a maior de todas - quem mais se prejudica é o PS. As pessoas estão fartas de ver a sua Terra definhar e não viram nada ser feito que contrariasse o maior despovoamento do distrito da Guarda em número de habitantes perdidos.
Como se isso não bastasse, quem vir os filmes que passam à noite na montra da candidatura do PS, vê o actual presidente em várias ocasiões solenes sempre acompanhado do vereador que bateu com a porta. Muita gente diz que o melhor elemento da CMS era o vereador Jorge Brito. Pessoalmente não concordo nada. Acho que foi ele quem fez perder 4 anos a Seia com as suas ilusões das tretas verdes, enquanto o concelho precisava era de atrair investimento, turismo e emprego. Claro que a "culpa" da compra desta história da carochinha é de quem a comprou. Do presidente da Câmara, que se deixou embarrilar durante 4 longos anos com projectos da treta, enquanto foi perdendo grande parte da admiração e do apoio da população que não vê nas aldeias led nem nas de montanha (que ninguém sabe o que é) nem no carpooling nem no geocaching nada de sério. Faits divers, sim senhor, mas que nada de palpável trouxeram à população. Se o PS tiver um mau resultado pode agradecê-lo aos devaneios de Jorge Brito e do seu não-controle por parte de Filipe Camelo. Se tiver um bom resultado (que sinceramente não vemos como) isso deve-se à simpatia de Filipe Camelo. Veremos se essa simpatia é o suficiente para motivar uma multidão de actuais descrentes e levá-los às urnas.

E depois também tem tido azar, Filipe Camelo. Primeiro com a inutilidade da cobertura televisiva no programa Há Volta que suscitou dezenas de comentários nas redes sociais - espelho fiel do que se passa na sociedade. Depois, a confirmação do não avanço dos mega empreendimentos turísticos anunciados. A seguir, o clima de descrédito que ultimamente se instalou sobre quase todos os assuntos que dizem respeito ao nosso concelho. Basta ver - uma vez mais - os comentários nas redes sociais. 
Para compor o ramo perspectiva-se mais um fecho de uma indústria carismática para o nosso concelho e Filipe Camelo deve, neste momento, estar a rezar para que isso só venha a verificar-se depois das eleições. E, por último, casos gritantes de carência financeira e de desespero como o que levou ao trágico suicídio da última semana. Que já não é o primeiro, no nosso concelho, mas que foi até agora o mais marcante.

O nervosismo é claro em alguns sinais que o seu próprio staff vai dando e ainda mais visível nas pessoas chegadas ao candidato que desatam a comentar tudo nas redes sociais, como se a sua vida disso dependesse, evidenciando uma falta de segurança muito preocupante.
Mas também aqui a preocupação é excessiva, na minha opinião.

É certo que as coisas se complicaram obrigando o candidato a colocar outdoors que não estavam pensados e a reforçar a campanha para níveis de competitividade muito superiores ao passeio que contavam fazer. É certo que não se vê muita gente a acompanhar o actual presidente. Os mesmos do costume (os homens do presidente e pouco mais em cada freguesia) enquanto AF se faz acompanhar de magotes de pessoas. Mas isso só enche o olho. Nada mais.
Quem já passou por muitas campanhas sabe bem que isso não é determinante. 
O que interessa é o momento do voto. No recolhimento da cabine, e naqueles 15 segundos em que se olha para o boletim,  uma grande parte dos votos são definidos. Só ali. 
Mais, muitos mais dos que os necessários para dar a vitória a qualquer dos candidatos. E Filipe Camelo, na minha opinião, ainda vai à frente. Pela simpatia e notoriedade. Talvez por nada mais. 
Mas isso é suficiente. Ainda.

Até para a semana.