9.01.2013

Análise política #5 - A importância das redes sociais no presente e no futuro

Pela primeira vez nas eleições que se aproximam não haverá apenas 2 contendores e o povo a votar. Há um quarto "player" que muitos já identificaram mas outros ainda teimam em não o reconhecer: o facebook.

Ambos os candidatos já tiveram que eliminar comentários nos seus sites. Filipe Camelo anunciou mesmo que teve que bloquear utilizadores e perfis falsos. Estava a ser alvo de ataques anónimos no seu mural nos últimos dias.

Obviamente não é esta meia dúzia de utilizadores mais ou menos anónimos - alguns surpreendentemente até são reais e dão a cara nos seus comentários - aqueles que irão desiquilibrar os resultados eleitorais. Mas esta nova variável permite perceber algo que até aqui não se percebia. Que as redes sociais estão a servir para o protesto e para a oposição declarados. Coisa que nunca existiu.

1 - O descrédito dos políticos nas redes sociais
Se nos preocuparmos em analisar o nr de pessoas que vê os conteúdos que cada um dos políticos candidatos coloca nos seus sites somos surpreendidos pela baixíssima adesão popular a esses conteúdos. Damos os seguintes exemplos: Albano Figueiredo foi visto 7 vezes mais na páginas do Notícias de Seia do que no seu próprio site. De igual forma, o discurso de Filipe Camelo foi visto 4 vezes mais no site do Notícias de Seia do que no seu próprio site. Anexamos as imagens comparativas. Clique nelas para as aumentar












Outras comparações podem ser feitas mas como elas não se estendem aos 2 candidatos não seria justo nomeá-las aqui. Elas já foram tratadas no site do Notícias de Seia.
E este - o Notícias de Seia - é o novo player que serve de barómetro ao interesse que as pessoas têm pela política. Interesse que é muito reduzido, como as estatísticas do facebook nos mostram. Os assuntos que têm a ver com a política senense são os que despertam menos interesse entre os quase 3 mil leitores diários que tivemos em Agosto. E os mais de 3500 diários que tivemos nos últimos dias.
























Como se pode ver na próxima tabela, qualquer assunto que diga respeito a Seia desperta grande interesse nos leitores - mais de 1.100 leituras em 24 horas -  excepto se esse assunto tratar política.
Na mesma linha vem a menor adesão, relativamente ao esperado,  às grandes "caixas" da actualidade. O cidadão mais atento à política local esperaria do público relativamente a estas grandes notícias uma adesão substancialmente superior àquela que se verificou tanto com a notícia do recuo da construção dos 2 maiores empreendimentos turísticos em Seia, como relativamente à situação anómala que opõe a direcção dos BV de Seia ao seu Comandante. Ambas tiveram um nível de consumo que considero bastante abaixo do esperado. Bastante inferior, por exemplo, à adesão à peça da SIC, ilustrada com imagens dos Bombeiros de Seia a atacar um fogo, que ultrapassou 1.100 visualizações em menos de 24 horas, o que é record absoluto em qualquer vídeo que diga respeito exclusivamente a uma pequena cidade em Portugal.























Portanto, embora alguns políticos empedernidos ainda tentem desvalorizar a influência que as redes sociais começam a ter nas eleições, outros já perceberam que, a partir de agora, nada será como dantes.

2 - Outdoors nas lonas
Passada uma semana do nosso vatícinio sobre a entrada de Filipe Camelo na guerra dos outdoors, tudo o que se viu foram mais outdoors de Albano Figueiredo.
As estruturas dedicadas a FC aí estão, mas as lonas... nem vê-las. Pelo menos até ontem, dia em que este texto deveria ter sido publicado. Não cometeu, no entanto, o erro de aproveitar as estruturas que estavam a ser utilizadas pela CMS, ao contrário do que muitos vaticinavam.
A estrutura do célebre outdoor frente ao Edifício Europa e a do da ponte de Santiago que publicitava o Museu da Electricidade estão agora a tentar promover a região. Mas - mais uma vez - não é aqui que a região deve ser promovida. É lá fora. Em Lisboa, no Porto, nas redes sociais. Se queremos que o turista nos visite, não podemos esperar que o senense venha substituir-se ao turista.
Percebe-se que neste momento não seria aceitável que a campanha de FC colocasse ali a sua propaganda. Mas esta forma de publicidade encapotada também já não passa despercebida nem confunde ninguém. É campanha eleitoral na mesma. Ponto.

3 - Por parte de Albano Figueiredo há que comentar pouco mais do que as 382 fotografias que colocou no seu site sobre a sua visita a S. Romão - e provavelmente muito pouca gente veria, não fosse o Notícias de Seia, a avaliar pelo nr de visualizações do seu site. Mesmo assim, foram o que de mais importante foi publicado pela sua candidatura. E sobre isto o que se pode dizer é que muitas são praticamente repetidas, outras nunca deveriam ter sido publicadas porque são anedóticas; mas o pior ainda é que elas mostram que a adesão popular à sua candidatura é muito fraca. Ou o fotógrafo não teve habilidade ou então elas indicam que muito pouca gente aderiu à acção. Vêem-se sempre os mesmos, embora em vários cenários e visitando vários comerciantes, mas não se descortina adesão popular nenhuma. E alguma que se descortina mais valera que não se descortinasse porquanto,  a "adesão" mais entusiasta não aportará grande credibilidade ao projecto. Adiante.


4 - Entramos no mês determinante. O que se pode dizer é que até aqui ambas as candidaturas mostram muita lentidão em âmbitos diferentes.
A de FC decorou a sua sede há tempo demais para o que se viu a seguir: nada. Continua fechada e apenas na semana passada os esgotos do prédio foram ligados. No entanto FC é - ele próprio - muito popular. As pessoas procuram-no, cumprimentam-no e abraçam-no nas ruas. Isso é mais de meio caminho andado. Seria preciso fazer muita asneira para que essa popularidade fosse perdida no mês que falta.
A de AF, que encheu o espaço de outdoors, disso também não passa. E, quando passa, mais valia que não tivesse passado, como aconteceu com este episódio da Nova Gente em S. Romão 382.
Há um concelho com 29 ex-freguesias para visitar. Perderam-se 8 freguesias e muitos idosos, infelizmente. E ainda mais jovens emigraram, também infelizmente. Mas a maioria das pessoas ainda continua lá. É uma tarefa hercúlea atingi-las no pouco tempo que falta porque, tirando as festas, não encontrarão ninguém nas ruas. Vão ter que bater às portas das casas. Muitas desabitadas. Outras sem gente que está no campo e nas hortas. Demorarão eternidades para conseguir falar com alguém que estará sempre mortinho para não ter que os aturar.
Avisei sobre tudo isso há 2 meses. Já na altura se tratava de uma tarefa dificílima atendendo a que ninguém conhecia o candidato. Hoje, muitos milhares de euros gastos em outdoors depois, já haverá 45 pessoas que o reconhecem se o virem ao lado deles. Dos outdoors.
A missão é impossível.
A comitiva fotográfica de AF terá agora que atacar apenas as freguesias mais populosas. Se quiser fazer um trabalho minimamente sério.

Portanto, embora o nosso inquérito anónimo dê vantagem a AF, não é isso o que nitidamente se percebe nas ruas. Só um golpe de teatro poderá, na nossa opinião, inverter a tendência popular que é nitidamente a favor de Filipe Camelo. Como, aliás, se esperava desde o início.
Pode haver uma surpresa, é verdade, porque é certo que muita gente está descontente com o marasmo a que a nossa Terra esteve votada nos últimos 4 anos e com o despovoamento galopante no nosso concelho que é o maior em toda a região. E também com o facto de a única preocupação deste executivo ter sido apenas com os faits-divers das ecologias que nada trouxeram de positivo - nem visibilidade, ao menos - a Seia e ao seu Concelho. 
Muitos consideram que foram 4 anos perdidos e outros - mesmo dentro do PS - avisam que não podemos assistir a mais 4 anos de paragem no tempo. Mas a maioria do povo que vota não valoriza nada disso. Não vota racionalmente. Vota por amizade. Vota por simpatia. Vota afectivamente.
E, a esse nível, Filipe Camelo dá a Albano Figueiredo 15 - 0.

Por isso, na minha opinião, vamos mesmo assistir a mais 4 anos de paragem igual a esta que acabámos de viver. Não acredito que Albano Figueiredo vença nem que chegue perto. Não se sente isso na população. E com Filipe Camelo será mais do mesmo. O perpétuo delegar em quem, vezes demais, não tem capacidade para tomar essa responsabilidade. E os subalternos a decidir o que caberia ao Presidente. 
Uma coisa é certa: se ganhar, como todos esperam (vá-se lá saber porquê) e se continuar a gerir a crise, passando mais 4 anos sem mostrar obra que se veja, Filipe Camelo iniciará por certo o seu último mandato.

Eduardo Brito voltará à liça política em 30 de Setembro. Albano Figueiredo - a não ser que seja arrasado nas urnas - não desistirá e não lhe dará descanso nos próximos 4 anos. E as redes sociais - e  eu próprio - cá estaremos para fazer semanalmente o balanço deste confronto anunciado para os próximos 4 anos.

Até para a semana.