5.09.2013

O retrato de Portugal em 2013 - centenas de novos sem abrigo


Os problemas de Marques Mendes são as eleições.
Os de Seguro são os consensos.
Os de Passos não se sabe bem quais são, ao contrário dos de Portas. Depois dos helicópteros sem peças na década de 90 e dos submarinos sem armas na de 2000 só podem ser os carros de combate. Sem rodas. E assim Portas cobrirá tudo: mar, ar e terra. 

Regressando à Terra, são mais de 600 os sem abrigo que dormem diariamente nas ruas de Lisboa. O triplo do número considerado "normal", se algo como esta tragédia portuguesa (e não grega) se pode considerar normal num país civilizado e europeu e sob "ajuda" e "assistência" externa. 

Simultaneamente, aos fins de semana de inverno passam aqui por Seia, Serra da Estrela, a caminho da Torre, milhares - e repito: milhares - de BMS, Mercedes, Audis topos-de-gama, SUVs com menos de 2 anos, a maior parte deles conduzidos por jovens que não tiveram seguramente tempo de vida para ganhar os 60 a 120 mil euros que aqueles carros custam. 

As gentes locais, que a isto assistem, questionam-se incrédulas: de onde vem tanto dinheiro? Quem deu àqueles miúdos e miúdas aquelas bombas? 
Os pais? As empresas dos pais? Ou fomos nós todos quem lhos deu através dos lautos vencimentos dos cargos públicos oferecidos aos pais e dos lugares não-executivos dos concelhos de administração das mega-empresas com as quais tiveram relações "na defesa do estado" e que os acolhem logo a seguir a sairem dos governos? 
Curiosamente, quando se vão verificar os casos que conhecemos é invariavelmente a última das hipóteses a correcta. 

Num país com estas desigualdades sociais será minimamente justo continuar a fazer pagar aos reformados de 300€ e aos pensionistas de 340€ - muitos deles a dormirem já nas ruas - a factura do empréstimo bilionário da troika? 
Quando se acabar o dinheiro emprestado o que vamos nós fazer? Recordo que já recebemos 90% do empréstimo. E esse dinheiro desapareceu de tal forma que se não recebermos a próxima mini-tranche de 2 mil milhões, não haverá dinheiro para as pensões e para as reformas, segundo PP Coelho. 

Haverá para tudo o resto incluindo para as PPPs e as swaps mas não haverá para as pensões, reformas e ordenados da F pública. 
Será que continuando com a única medida de confiscar cada vez mais os ordenados dos funcionários públicos, o governo não percebe que a classe média vai deixar de trocar dinheiro, o que provocará de imediato a catástrofe social com falências em catadupa e uma mega-explosão de desemprego?

Cavaco perguntava: o que é preciso fazer para que nasçam mais crianças em Portugal? Pelos vistos nunca lhe explicaram. 
Eu pergunto: o que é preciso fazer para que nasça alguma inteligência a este governo?
E gostava que me respondessem.

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