2.26.2004

SEIA: Mais uma semana e mais uma vez na televisão!


SEIA - A cidade mais mediática de Portugal!
23 vezes este ano, pelas minhas contas, e ainda vamos em Fevereiro.
A continuar assim, espera-se que sejam 138 as vezes que Seia vai aparecer na televisão portuguesa este ano, o que dá aproximadamente 2 vezes por semana.
Batemos Gouveia de longe... e sem pagar um tostão!
Na imagem, o nosso Capitão, uma vez mais.
Ao Porta da Estrela nega que haja acentuada criminalidade e droga em Seia. O Tribunal, por sua vez, responde-lhe distribuindo penas de 7 e 10 anos às redes organizadas (que ele diz que não existem). Às televisões informa que apanhou os assaltantes (cujos assaltos desvaloriza). Pergunto-me o que levará o sr Capitão a considerar que os senenses ainda levam a sério tudo aquilo que ele diz...
É que, ao desvalorizar a evidência, desvaloriza também o trabalho dos seus homens do NIC que ardua e diariamente perseguem os traficantes e os assaltantes, e cujo trabalho se pôde esta semana aplaudir, no Tribunal de Seia.
Ele lá saberá porque o faz...

Mas vamos ao que interessa de facto: razão tem a Câmara Municipal em não investir em publicidade televisiva.
Para quê? Tem-na de borla, nos 4 canais abertos e agora em regime semanal.
E até, sem grande esforço, se pode considerar que as peças televisivas têm alguma componente humorística, como foi o caso desta última.
Depois da cadeirada, da Teixeira e do Alva, do mega-julgamento e da Feira do Queijo, agora foi a apreensão dos ladrões de lojas pela GNR.
Parabéns à GNR, embora não se percebesse por que razão não haveriam de apanhar uma carrinha a cair de podre, perfeitamente identificada pelos lesados, com 7 ciganos a assaltarem as lojas em plena luz do dia...
De qualquer forma, um bom trabalho da GNR.
Agora só falta apanharem os que assaltam as lojas... à noite.

Ó pra elas tão crispaditas!


Quem as vir assim tão mal dispostas uma com a outra ainda há-de pensar que comem de tachos diferentes.
Que uma é empresária e a outra industrial. Que uma é comerciante e a outra operária fabril...
Qual quê! São duas deputadas portuguesas, pagas pelo povo, cada uma a acusar a outra da mais cruel incompetência e não devem usar Pasta medicinal Couto. Usam a "pasta" que o povo lhes dá ao fim do mês.
Olá se usam...
«Heróis do mar... pobre pooovo...»
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800.000 analfabetos? Upa. upa!


A propósito de um estudo sobre a morfologia do cérebro dos analfabetos (que, pelos visto é diferente dos "normais") da autoria do prof Alexandre Castro Caldas, trabalho esse que lhe valeu um prémio internacional em 99, apresentou a SIC uma peça em que se dizia que 800.000 portugueses são analfabetos.
É verdade. Há 800.000 analfabetos puros se não for o dobro.
Agora: há mais do triplo de analfabetos funcionais primários (lêm palavras soltas que não entendem) e há mais do sextuplo de analfabetos funcionais secundários (conseguem ler frases mas sem compreender o seu sentido).
Mesmo nas escolas hoje em dia se verifica que grande parte dos alunos que completam a escolaridade mínima obrigatória (9º ano) não conseguem interpretar correctamente o que lêem. E o Estado reconhece-lhes o nível académico mínimo.
Só podemos estar a brincar com o Ensino, mas mais grave: com o País.
É certo que em cada turma de 20 alunos aparecem sempre 2 ou 3 a quem é humanamente impossível ensinar seja o que for. Logo aqui estamos a falar de 10 a 15% de insucesso. Este assunto já foi abordado em posts anteriores sobre o Ensino.
Neste momento, é sabido que cerca de metade dos portugueses ou não lê ou lê mas não entende, o que vai dar rigorosamente no mesmo.
E estamos a falar de frases de sentido único, que encerrem em si uma única ideia básica.
Se estendermos a a

Á luz desta realidade evidente para todos quantos trabalham no ensino - porque contactam com alunos e com os respectivos encarregados de educação - ou em secretarias de atendimento ao público em que se preencham documentos e interpretem textos básicos (requerimentos, declarações, minutas) apetece perguntar:
- o que se tem feito aos milhões que têm anualmente ido para o ensino, já que estamos no top 20 dos gastadores mundiais com a Educação e no fim da tabela em aproveitamento escolar na Europa (e no topo em analfabetismo)?
- Se aqueles 800.000 analfabetos adultos se juntassem num partido único (PS ou PSD) conferir-lhe-iam ou não a maioria absoluta?
- Deve um político hábil passar uma manhã numa feira aos beijos às peixeiras ou é preferivel entregar-lhes documentação sobre as suas propostas explicando-lhes o seu manifesto eleitoral?

O problema dos analfabetismos primário e funcional só começa a ser resolvido quando quem manda na Educação perceber que «tanto custa ensinar bem, como ensinar mal. Mas, passados uns anos, ensinar mal fica extraordinariamente mais caro». José Hermano Saraiva.
- Para os deficientes (15% da população estudantil em cada turma) tem que haver escolas próprias e aulas ministradas por professores especializados cujos objectivos nada têm a ver com os dos professores que ensinam alunos normais.
Para os alunos normais tem que haver maior rigor no ensino e mais exigência por parte dos professores. O aluno "é obrigado a andar" ao ritmo que o professor estipula para ele e não o contrário. Nós, os professores, é que temos que puxar pelo aluno. Alguns ficam pelo caminho. Como em tudo, na vida. Mas os restantes, fazemos deles Bons alunos que não se envergonhem a eles nem a nós, no futuro.
Assim se combate o insucesso no ensino: "puxar" ao máximo pelos médios, desafiar em alta os bons e esquecer os maus. Ensinar o máximo a quem quer aprender! Conseguiremos subir as estatísticas e, mais importante do que isso: em vez de ensinarmos não mais que rudimentos a 20 porque só assim conseguimos com que os 3 piores acompanhem, ensinaremos tudo o que está no programa (e a té mais) a 17.nálise ao campo da literatura, bem: nem um décimo dos portugueses consegue ler uma prosa mais rebuscada ou entender um soneto.
Nem sequer um período mais longo como o próximo.

Observatório de Seia: GNR - Mega operação gera OUTRA mega coincidência


Ás vezes, em conversas com amigos, surgem pequenos "cliques" que me fazem ficar absolutamente boquiaberto e a pensar porque é que eu não relacionei isso antes.
Foi o que aconteceu ontem, quando, numa mesa de um bar em que estavam presentes 5 amigos meus, um me disse, a propósito da última mega-rusga, com toda a normalidade do mundo:

«- Ó pá: mas tu achas que aquele show-off todo dos cento e tal polícias se deveu a quê?
- Provavelmente ao facto de, apesar de o comando da GNR negar, a criminalidade ter aumentado ultimamente e os comandos superiores se terem tornado sensíveis a esta problemática. Não te esqueças que está em curso mais um mega-julgamento em que dezenas de jovens estão envolvidos, e os assaltos têm sido praticamente semanais na região. Pelo menos, foi essa a justificação dada à imprensa... respondi.
- Qual quê! Então tu, que te fartas de analisar isto e aquilo, não tens olhos na cara?
- Não estou a perceber... balbuciei
(sorriso geral)
- Então diz lá: de quem era a última loja que foi assaltada 6 dias antes da rusga?
- De «fulana», penso eu...
- Que é casada com quem? - pergunta em tom inquisitório.
- Acho que é com um Juiz... respondi naturalmente.

Fez-se silêncio na mesa. Tudo a olhar estaticamente para mim.

- Será possível? - perguntei indignado. Eu recuso-me a acreditar que as rusgas se façam por encomenda!
Mais silêncio e sorrisos comprometedores.
- É pá! Vamos lá a falar a sério, que com coisas sérias não se brinca! Voltei eu.
- Olha, rapazinho: lembras-te da última grande rusga que aconteceu em Seia, quando foi presa aquela gente toda no acampamento central?
- Claro!
- Em que a GNR só foi avisada quando estava tudo cercado?
- Sim, claro, por acaso até escrevi sobre isso na ultima edição do P.E.
- A gente leu. Por isso te perguntamos: recordas-te do incidente que aconteceu dias antes dessa mega-rusga?
- Recordo-me que houve uma sessão de tiros no acampamento cigano em que dois deles entraram no quarto dos filhos do Dr «fulano» (que morava no prédio em frente) e por pouco não atingiram as crianças.
- E o que é que se soube nessa altura? Que esse Dr foi de propósito fazer queixa formal aos altos comandos da GNR a Lisboa. "Mexeu por lá os seus cordelinhos" e não passou charuto a estes "bacanos" daqui.
- Sim, foi isso que se constou, de facto... aceitei.
- E passada apenas uma semana foi o que se viu. A rusga que cercou o acampamento onde se apanhou droga, armas e traficantes. Verdade ou mentira?
- Verdade - tive que reconhecer.
- Então faz as contas, compara e vê se não se trata da mesma coisa.»

Esta história simples serve para duas conclusões:

1º - Eu devo ser o único que continua a acreditar que se trata de meras coincidências. Caso contrário teríamos que aceitar que a actuação policial se faz a pedido de altas individualidades e isso eu ainda recuso liminarmente. Quero - e tenho que - acreditar que, embora este país esteja no limiar do subdesenvolvimento, apesar de todas as notícias sobre corrupção e compadrios no seio das forças da Ordem, elas ainda obedecerão a directrizes não encomendadas por doutores, ministros ou juízes que tenham sido lesados enquanto cidadãos. Não sei o que me leva a acreditar piamente nisto. Aceito que seja a minha ingenuidade.

2º - Mas não é isso o que o cidadão avisado pensa.
E aqui está o cancro social instalado.
Já ninguém acreditava que as centenas de controles de alcoolemia semanais, à saída dos bares, se façam a fim de prevenir acidentes, o que estaria correcto. É tido, infelizmente, como certo, que o único intuito que subjaz a esta caça diária é o de se obterem cada vez mais recursos para os cofres do estado.
Este senso comum é o resultado linear da actuação repetida ao longo dos últimos anos pela GNR de Seia que, ao que se ouve em toda a parte «não "baixa os braços" na luta contra o álcool, enquanto pouco se vê "levantá-los" na luta contra o crime».

Da mesma forma já pouco se acredita numa actuação "espontânea" de grandes proporções por parte da GNR. Não se crê em mega-operações que não sejam "motivadas" por pressões e pedidos pessoais de gente graúda, muito bem instalada socialmente e que terá sido, por azar, incomodada pela marginalidade.

Assim sendo, se os cidadãos interiorizam já este triste cenário, como pode o Estado exigir do cidadão a ética que ele próprio não faz transparecer?
É bem sabido que à mulher de César não basta ser séria.
A bem da Paz social, as Forças da Ordem além de o serem, têm também - e a cima de tudo - que parecer sérias.

Seia em Análise: GNR - Mega operação gera mega coincidência


Na quarta-feira passada lá fomos referenciados nos noticiários da SIC e da TVI novamente.
Este ano vou mesmo compilar as notícias sobre Seia no que se refere à criminalidade e ao seu combate nos telejornais nacionais. Tenho a certeza que não há outra cidade do interior nem sequer bairro problemático no país que se lhe possa comparar em mediatismo.
O ano passado, em Abril, já tínhamos aparecido em 11 serviços noticiosos televisivos nacionais. Depois desisti de contar.
Este ano, em Fevereiro, vamos já com quase o dobro, mas também devido ao macabro caso da Teixeira. Da Cova da Moira, por exemplo, ainda não se ouviu falar.

Quando o Jornal Porta da Estrela chama a atenção para a criminalidade e para o consumo crescente do tráfico de droga na nossa cidade, os responsáveis pelas forças de segurança apressam-se a desdramatizar.
- «Que não senhor. Não há essa dimensão. Essas notícias são exageradas».
Volvido menos de um mês, inicia-se um julgamento sobre tráfico de droga com cerca de 60 (sessenta) intervenientes, a esmagadora maioria jovens da nossa cidade.
Menos de 15 dias após a nossa notícia sobre esse fenómeno evidente, são efectuadas rusgas em bares em Seia e em S. Romão, em que – no caso de Seia – os jovens são retirados do interior de um bar para uma varanda antes de serem revistados.
Por coincidência estava naquele momento a ser transmitido no canal Hollywood um documentário sobre o clássico: “Gone with the wind” (E tudo o vento levou).
Esta quarta-feira, uma mega-operação da GNR com mais de 100 homens envolvidos, apenas dirigida aos ciganos – vá-se lá saber porquê - foi desenvolvida em Vila Chã, Seia e S. Romão.
Nos acampamentos praticamente nada foi encontrado. Na feira, sim. Cerca de 20 mil euros de material contrafeito a serem livremente comercializados no centro da cidade e à frente de toda a gente.
Droga? nada. “Chefes”, nos acampamentos? Nem um.
Como habitualmente, e por mais uma coincidência, nenhum dos patriarcas das famílias foi encontrado.
Todos sabemos das amizades, consolidadas durante anos e anos de convívio são e fraterno, entre elementos das Forças da Ordem e alguns chefes de Famílias étnicas, frequentemente vistos em locais de diversão nocturna em Celorico e em Fuentes de Oñoro. Também sabemos que as únicas rusgas que produziram resultados verdadeiramente substanciais em Seia foram aquelas em que a própria GNR local só foi avisada quando a PJ da Guarda tinha já os acampamentos completamente cercados.
Nessa altura recolheram-se provas que conduziram à prisão de vários indivíduos.
A primeira reacção da população civil, na quarta-feira passada, foi a de tentar saber se “os chefões” se encontravam nos acampamentos, numa clara alusão aos esperados “avisos” de que as operações iriam ter lugar.
Sem pretender imiscuir-me no delinear da estratégia policial, e apelando apenas à clara evidência dos factos, ocorre-me perguntar: não seria preferível continuar a adoptar-se o método que deu resultados – o da não comunicação ao posto local das operações a levar a efeito – para diminuir a possibilidade de fugas de informação?
É que me parece que, desta forma, estas montanhas nem sequer parem ratos: escondem-nos.

Assaltos à noite, Tribunais de manhã.


4 - Não! Os assaltantes não foram presos no acto e trazidos ao tribunal logo de manhã. Nada disso. O P.E. noticiou na última edição a vaga de assaltos em Seia e em Vila Nova de Tazem. Isso é uma história e termina aí. Consta, entretanto, que na segunda-feira, 9, de manhã eram cerca de 20 (dito por um deles!) os condutores presentes a tribunal na sequência das sopradelas no balão do fim-de-semana anterior. A que se seguem outras tantas cartas de condução caçadas. Bom: se isto assim continua, qualquer dia os únicos carros que circulam na cidade... são os dos assaltantes.

Ó amigo: não se importa de me ajudar aqui a roubar esta lojinha?


3 -
Este último assalto a uma loja de roupa no centro da cidade foi o mais caricato de todos. Numa rua com uma única saída, em que seria facílimo barrar o carro dos assaltantes, e em pleno dia, cerca das 7 horas da manhã. Várias pessoas, no mercado municipal, terão visto a mercadoria a ser carregada e ninguém suspeitou de nada, pois claro. Naquele sítio e àquela hora? Só faltou os assaltantes pedirem ajuda aos mirones...

Histórias senenses com uma pitada de humor



2- Vai um cheirinho?
Uma rusga de aparato fora do comum teve lugar num bar de Seia, dia 30 de Janeiro. Metralhadoras em riste, cães em acção, rapazes para um lado e raparigas para o outro, vai de revistar a clientela toda. As raparigas não, que os agentes masculinos não estão autorizados a fazê-lo (era só o que faltava!). De modo que os rapazes foram trazidos para o exterior (varanda) enquanto as moças ficavam no interior a serem profusamente "cheiradas" pelos garbosos animais. Pergunta-se: aquela misturada de perfumes femininos não terá causado danos irreversíveis ao apurado faro dos pobres canídeos?