12.20.2003

Rui Martins foi condenado... até ver!

Pode sempre recorrer e jogar no "totoloto" da Justiça Portuguesa.
Se não o fizer, terá de demitir-se imediatamente.
Embora o caso em apreciação nada tenha a ver com o CAS, com a Protecção Civil nem com as suas atribuições em cargos públicos, Seia não pode ter um chefe de gabinete da Presidência condenado por falsificação.
Rui Martins foi condenado em primeira instância.
Isso não implica a sua imediata demissão, se decidir recorrer da sentença. Caso contrário não lhe resta alternativa.
Explico o meu raciocínio em 3 pontos.
1 - A história recente da Justiça em Portugal está infelizmente pejada de enormidades e injustiças. Veja-se a população que está detida em prisão preventiva -quase metade do total - e os prazos em que o Estado mantêm essa gente atráz das grades, sem qualquer culpa formada, nem sequer acusação deduzida. Uma aberração que deixa estupefacto todo o mundo civilizado.
Eu NÃO ACREDITO de maneira nenhuma que Rui Martins seja um falsificador nem sequer de uma senha de refeição, quanto mais de uma letra comercial. Esta é a minha convicção. Deixo-a perfeitamente clara, e mais adiante (em 3) explicarei porquê.
É bom também esclarecer que este caso nada tem a ver com a Câmara Municipal nem com as suas atribuições nesse domínio público. Trata-se de uma transacção comercial da sua firma particular que em nada envolve os nomes da Edilidade, da Protecção Civil, ou do CAS - como já aqui alguém, anónimo (claro!), teve o desplante de pretender confundir.
No entanto, se não recorre, se aceita esta sentença e baixa os braços conformado, está a confessar implicitamente aquilo em que ninguém pode acreditar: que se portou, numa dada ocasião, como um vulgar falsário.
Ora Rui Martins NÃO É criminoso nenhum, todos o sabemos.
E se em Seia os há...

2 - Ao contrário dos que se põem em bicos de pés, quase completamente senis, RM não esmifra subsídios ao estado nem saca heranças a idosos. Não lava dinheiro aos milhões à frente de toda a gente com a maior displicência do mundo, fazendo-se passar por Salvador da Pátria.
E tenho a certeza de que, neste ponto do texto, e parafraseando a octávia glória do futebolismo nacional - já TODOS SABEMOS DE QUEM ESTOU A FALAR!
Haverá maior prova do que esta, para que uma investigação séria fosse levada a efeito no sentido de ser apurada a verdadeira proveniência dos milhões que a par e passo aparecem na mão e na boca destes auto-proclamados beneméritos? Porque é que ninguém lhes pergunta de onde raio veio essa monumental fortuna de que fazem tanto alarde?
E o que acontece com a investigação policial?
Continua a fazer-se sobre a chamada arraia miúda:
Roubaste um pão? És um ladrão!
Roubaste um milhão? És um honorável cidadão!
De cega, a Justiça virou vesga: só vê, agora, para um lado - o lado do pequeno, do desprotegido, daquele que não pode gastar milhares numa boa defesa e "ir a jogo".
Rui Martins nunca seria capaz de se aproveitar do que pertence a outrem, para seu enriquecimento pessoal. Mas é exactamente disso que faz profissão muito "boa" gente.
Um lapso, uma "facilidade" numa hora de aperto, ou um deslize impensado é uma coisa recorrente que por certo já aconteceu com muita gente respeitável na vida, e se calhar não só uma vez!
Daí até ser confundido com um perigoso vilão, que faz disso o seu modus-vivendi, vai uma distância gigantesca.

3 - Explico agora porque clarifiquei no início do texto a minha convicção.
Porque, nos dias que correm e em Portugal, ela - a minha opinião - é tão irrelevante como qualquer outra, incluindo a de um Juiz. A prova? Este degradante espectáculo diário: o de um Tribunal sucessivamente absolver o que o anterior condenou, e vice-versa. Sobre exactamente o mesmo caso se desmentem em catadupa e velocidade acelerada juizes, desembargadores e até bastonários, uns após os outros, num corropio inimaginável para quem ainda tinha a veleidade de imaginar que vivia num Estado de Direito. Só se for de Direito, mesmo.
Porque de Facto, não o é.
Mas se não recorrer, RM está a aceitar a sentença, reforço. E nesse caso uma só saída lhe resta: a da imediata demissão de todos os cargos públicos. Inapelavelmente.
Não podem os senenses ter um chefe de Gabinete da Presidência com um cadastro de falsificador.
Espero que reflicta bem e que siga o meu conselho - o do recurso.
Afinal de contas, num país em que a Justiça é um verdadeiro totoloto, que poderá ter ele a perder??